terça-feira, 24 de setembro de 2013

Dançar a alegria e a tristeza - meu destino e meu desejo!


 
 

 

 
 
 
Simplesmente dance

Alguns dizem que dançar o sofrimento mostra  falta de caráter, que análise pobre e sem sentido!

Dançar sempre , não importa por que e nem para que!

De alguma forma este  tem sido meu lema, mesmo sem saber nem qual era o significado desta palavra.

Danço desde muito novinha, antes mesmo de entender que era isso o que fazia rodopiando feito doida e batendo a cabeça na parede, pois demorou um ano e meio para minha mãe perceber que eu realmente não enxergava direito, e aí eu era uma rodopiante bem pequena usando óculos

Comecei o ballet com sete anos , e nunca me esqueci de minha primeira professora, chamada Ivani. Sua escola era pequena mas muito organizada, bem pertinhho da estação São Judas do metrô em São Paulo.

Lá aprendi meus primeiros passos e cheguei até a ponta. Dancei mesmo um sólo que foi o orgulho de minha mãe, uma valsa de Strauss chamada , pão suor e vinho.

Por volta dos onze anos de idade, tive que abandonar esta escola, e minha única opção era a escola Municipal de Bailados em SP, onde eu sabia que tinha poucas chances, pois por ser pública e gratuita, a escola preferia selecionar alunos que tivessem de fato todas as aptidões muito claras e disponíveis, em especial, a física.

Meu joelho em X, as costas largas, e o pe quase chato, eram meus inimigos neste momento e de fato brecaram minha entrada nesta instituição.

De qualquer forma, a dança se manteve em minha vida mas não mais tão constante, pois flutuava de acordo com a condição financeira de minha família. Quando podia fazia algumas aulas de ballet, jazz e até mesmo dança moderna, mas nada que fosse até o final. Assim foi até os 15 anos, quando a situação ficou preta, e nada de dança anymore!!

Com 17 anos vi minha  primeira apresentação de dança árabe e fiquei vidrada, o resto é conversa, e tudo o que me aconteceu desde então.

Dancei em quase todo tipo de situação. Comemorando aniversário de alguém querido ou contratada para divertir os convidados de outras pessoas, congressos, seminários, casa de chá, etc. Dancei gratuitamente, de coração e recebendo muito bem por isso também.
Dancei nos melhores e piores momentos da minha vida. No meu primeiro casamento, para me despedir de amigos queridos, para finalizar fases de minha vida, na morte de meu filho Kim e na morte de minha mãe Mirian. Dancei também para me despedir da casa onde vivi muito da minha vida bailarina.
A dança também me salvou em 2008, quando então com 42 anos tive minha filha e minha escola quase faliu. Nem a depressão que tive naquele momento foi mais forte do que o papel que a dança exercia em minha vida

Passaram-se muitos anos, e esta pratica se transformou em algo tão intrincado e profundo, que passou a fazer parte de tudo em minha vida.

Não posso mais distinguir a bailarina e a Luciana, pois elas são algo único. Não existe a personagem e a pessoa, existe a pessoa que dança e ponto. 

Hoje prestes a completar 47 anos percebo que nunca conhecemos as pessoas de fato, mas eu aprendi a me conhecer com  o tempo. Me  transformei em algo que nem eu sabia ser possível.

De lagarta em borboleta, de  promessa a concretização, de uma possibilidade para um caleidoscópio de opções.

Por muito tempo acreditei que não era capaz de muitas coisas, e hoje eu sei, que sou capaz de qualquer coisa  que eu queira.

Por ser uma figura quase pública, já foi invadida, atacada e também muito acarinhada a distancia.

Todas as vezes em que duvido da posição em que estou, ou da atividade que desenvolvo, aparecem os motivos para me manterem exatamente onde me encontro hoje.

Trabalho, muitas vezes demais, não descanso o suficiente, e também não estudo o quanto gostaria, mas sei que estou na área certa fazendo a coisa certa.

Obrigada Denise por me escrever, vc é mais um dos motivos que me faz querer estar onde estou.

Olho em volta, e vejo que alcancei tudo o que sempre quis, e devo isso a dança, Pois através dela , me vi como pessoa, como mulher e como alguém que tem algo a oferecer e muito a dizer.

Não devo a mais ninguém meu sucesso ou meu fracasso se um dia ele se aproximar...Somos responsáveis diretos pelo que nos acontece na vida, sejam estes acontecimentos bons ou ruins.

Ninguém me fez, e eu não fiz ninguém.

Fiquei por muitos anos dentro do casulo , não como lagarta mas ainda uma borboleta com asas fechadas. Tive medo como qualquer um teria ao entrar num mundo novo, e o que descobri?

Que sair do casulo , só me fez crescer muito mais, e ter liberdade para abrir as asas em qualquer direção e podendo ir para qualquer lugar. Não dependo de alguém em especial para continuar existindo, e nem tenho alianças políticas para garantir meu sustento.

Agradeço a todos que me empurraram sempre, pois os empurrões me levaram na direção que eu precisava  ir.

Hoje encontro quem deveria encontrar, e amo quem merece ser amado...desta forma eu também recebi do Universo o que estava guardado para mim.  
O que dizer? Gratidão
Grata por de alguma forma, ter sido afastada de tudo a que não mais pertencia , de todos a quem não mais queria, e então ter podido finalmente encontrar meu caminho, e meus amores reais!
Boa tarde a todos que tiveram por milagre o tempo suficiente para ler este texto!